Moço, desculpa meu jeito. É que eu ando tão acostumada com sentimentos ruins, que quando recebo carinho, não sei como lidar com isso.
Arquivo mensal: janeiro 2015
Minha estranha favorita
Engraçado como achávamos que seria pra sempre. Que inocência. Nada é.
Agora, você está aí, vivendo outras histórias, e eu não faço parte de nenhuma delas. Já não sei quem anda beijando, quem anda amando e quem você colocou no meu lugar. Nem sei se conseguiu chegar naquela cor de cabelo que tanto queria. Só sei de mim. Mudei. Piorei. Voltei à fumar. Abri mão. E aí você virou a minha estranha favorita. Justo você que sabia dos meus segredos mais obscenos, dos meus medos mais intensos e das minhas mentiras mais sujas. Justo você.
Me lembro das músicas, das palavras e dos segredos compartilhados na escada. Hoje em dia não compartilhamos nem um “olá”.
A nossa foto continua na minha estante e provavelmente você diria que eu só sei viver do passado, e que se é passado que eu me desfaça dele, mas não posso me desfazer da nossa foto. Lá estávamos nós rindo de algo que não importa mais, e esse é o problema, deveria importar.
A questão é que deixou de fazer diferença à algum tempo, morreu e foi levado com o vento. Mas você sabe como eu sou, então eu ainda me lembro dos abraços, dos intermináveis sermões e das gargalhadas fora de hora, me lembro de tudo, mas me lembro também que não faz mais diferença. Porque hoje, você só faz parte do meu passado, é só uma lembrança como aquelas que eu compartilhava com você, como aquelas que você me mandava esquecer.