Um rapaz, um violão, a escuridão e a solidão

Passavam se das dez da noite e eu abri a janela do décimo andar pra encarar o céu como costumava fazer pra preencher o vazio ou algo assim. Mas não foi uma noite qualquer. Era segunda feira à noite e não haviam estrelas no céu nublado, mas não foi nada disso que me chamou atenção. Um rapaz. Ele estava sentado na calçada com um violão em mãos em meio ao escuro. No meio da solidão. Eu não consegui enxergar seu rosto, binóculos seriam úteis. Nem pude ouvir o que ele tocava, mas continuei ali imóvel. Ele encarava a imensidão vazia à sua frente, mal sabia que tinha platéia. Fã até. Ali eu soube que aquela música muda era pra mim. Não, eu não o conhecia. E não, ele não me viu na janela. Mas de alguma forma a solidão dele cantava pra minha. Eram velhas conhecidas que se entendiam num ritmo perfeito. Eu só queria ir até lá, mas meu cabelo bagunçado e meu pijama de bolinhas me impediram, então apenas apreciei em silêncio, de longe, até que ele sumiu pra dentro da escuridão e eu pra dentro do meu quarto onde escrevi sobre ele. Mal sabe ele…

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